Beijinho no Ombro tem Sabor de Mel

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Tá bom, confesso meu pecado. Eu vi o clipe da Valesca, da música “Beijinho no ombro”. Não, não vou colocar o link, pois não quero ser culpado pelo sofrimento de vocês. Como atenuante, posso dizer que fui motivado por uma matéria que dizia que o gasto com o mesmo fui na casa de um milhão de reais, e fiquei curioso com a história. Ficou um lance meio “Lady Gaga Xing Ling” .
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Confesso também que o meu primeiro pensamento quando ouvi o início da canção foi: “É música gospel?”. Sério, não foi piada. Sério mesmo.

Antes de me jogarem pedras, peço a boa vontade de pensar um pouco comigo sobre isso. Segue como citação as primeiras frases da dita canção:

“Desejo a todas inimigas vida longa
Pra que elas vejam a cada dia mais nossa vitória”

Hum…  fazendo um rápido paralelo, posso citar como tendo a mesma categoria de pensamento e intenção:

“Quem te viu passar na prova
E não te ajudou
Quando ver você na benção
Vão se arrepender
Vai estar entre a plateia
E você no palco” – Sabor de Mel, Damares

Damares

A música cantada pela Damares se tornou um ícone de como é um louvor que não louva à Deus, e sim ao homem, na minha opinião. O desejo de vingança, de esfregar na cara dos “inimigos/ quem não te ajudou” a tua vitória é um desejo em si pecaminoso.  Não combina com o Jesus da Sagradas Escrituras. Nem com o ensino Paulino.  Nem com a natureza imprecatória de algumas passagens bíblicas.

1 – Como Jesus nos ensina:

“Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus;” (Mateus 5:44)  De certa forma ele também vincula a nossa possibilidade de perdão com a capacidade de perdoar, na oração do Pai Nosso (Mateus 6.22), como um indício de que reconhecemos a grandiosidade do fato de sem mérito algum termos recebido a Graça da Salvação por obra exclusiva Dele.

Neste sentido, de acordo com as duas passagens citadas, o desejo de vingança expresso neste tipo de música é totalmente contrária a nossa filiação com o Senhor. Em outras palavras, se tu sentes assim, é necessário nascer de novo. (João 3)

2- Como Paulo nos ensina:

Em Romanos 12:14-21, o apóstolo Paulo explica isso detalhadamente, mas vou tentar sintetizar. O ponto central é a Soberania de Deus. Ele é Rei. E Ele sabe de todas as coisas, e nada está fora do seu perfeito e santo desígnio. E mesmo Deus nos chama para sermos agentes da Sua Graça salvadora, logo eu devo abençoar os que me perseguem, para que sejam alcançados pela Graça e sejam transformados de Saulo para Paulo .

Tenho que entender que sou um subversivo do Reino de Deus, que combate o sistema mundano instaurando um novo padrão de relacionamento a partir de mim, e gerar a paz com os outros, fazendo eco as bem-aventuranças, pois “bem aventurados são os pacificadores”.

Tenho que entender que o juízo contra o ímpio será dado diretamente pelo único Justo Juiz, pois somente ele tem acesso a todas as informações e variáveis. Somente a sua justiça é reta. Por isso que a vingança é Dele, diz o Senhor.

E por isso não cabe a mim pedir o juízo, mas a misericórdia. O juízo já é Dele.

3 – Ensino a partir de textos imprecatórios:

Nesta hora, imagino que já deve ter alguém, possivelmente com formação neo-pentecostal, pensando em situações tipo: “E o salmo 23.5, que diz ‘preparas um mesa perante mim, na presença dos meus inimigos’, hein ? Como fica, irmão Alcir?”

Resposta a) Fica do mesmo jeito 🙂 .

Resposta b) O texto específico tem mais o sentido de que, mesmo que eu esteja cercado por inimigos, a minha comunhão/ mesa permanece e o meu cálice/ unção / presença do Santo Espírito continua a jorrar na minha vida. Trata  sobre permanecer em Cristo, o Sumo Pastor,  a despeito de qualquer adversidade. Por isso que eu posso andar pelo vale da sombra da morte sem medo algum.

Resposta c) Existem várias orações imprecatórias (ou “amaldiçoantes”) na Bíblia. A gente teria que ver um por um pra ser mais preciso, porém a ideia geral nestas passagens é que existe a consequência inevitável para os que permanecerem na iniquidade, e nos tirar da visão toddynho do evangelho de Cristo.

Sim, existe maldição na impiedade, e Cristo se fez maldito na Cruz para pagar esta mesma iniquidade.

Sim, Deus tem uma justa e perfeita ira que se derramará sobre todos os que permanecerem alheios a Cristo.

Sim, o meu coração, quanto mais ligado a beleza de Cristo, tanto mais irá irar-se e contra o pecado, o sistema corrompido pelo pecado, e contra o nosso adversário e sua obra nefasta. Mas não podemos esquecer que a nossa luta não é contra a carne, nem contra o sangue. Não é contra as pessoas.

Para finalizar, fica a pergunta:  Como pode, músicas com o sentimento totalmente mundano serem tidas como louvor?  A reprodução do sistema e sentimentos carnais  aceitos sem nenhum critério dentro do arraial?

Friso também que não tenho pessoalmente nada contra a Damares, e nem contra a Valesca. Não as conheço, e nem estou as avaliando como pessoas. Só não gosto do trabalho de ambas.  E, infelizmente para a Igreja de Cristo, existem mais similaridades do que eu gostaria.

Despeço-me com ósculo santo, no ombro.

 

P.S.: Segue link de um artigo bacana sobre orações imprecatórias. Agradeço a galera do blog Monergismo.

P.S. ²: Não quero implicar com a Damares, mas vale a pena dar uma olhada neste post do Púlpito Cristão.

Poder Microfoniano – Série Inovações Inovadoras

Descobri que existem microfones que são fogo puro, mistério de giová, e retetétianos. Esses microfones tem em si a capacidade mística de infundir poder pentecostal naquele que segura-o em suas mãos de vaso – o poder microfoniano. Só não percebi ainda qual o fabricante deste tesouro gospel.

Por um erro de observação, até então considerava-se que quem tava “no azeite” era o vaso ou a vasa em questão. Mas não, a unção é do microfone. Se você procurar na sua memória, tenho certeza que já se deparou com uma situação mais ou menos assim:

Cena 01

Local: Uma igreja neo pentecostal fictícia

Tempo: Culto bem “avivado” (segundo o conceito de avivamento da gospelândia)

Personagens: Cantor Convidado, Dirigente do Culto, irmã do louvor, platéia.

Começa o culto com uma oração já inflamada do dirigente. Após a oração, entra a irmã do louvor para cantar uns corinhos de fogo. Canela de fogo pra cá, sapateado pra lá, e a platéia vibra. Como se em uma disputa de torcidas organizadas, o que importa é o berro mais alto, para abafar o grito do vizinho. Mas agora é pra Gezuis.

O dirigente apresenta a grande estrela do culto. Não, não é Cristo, é o Cantor Convidado mesmo, que até então está calado e entendiado. Seu silêncio é sepulcral. Nem um “aleluiazinho” de canto de boca, nem um “gloriazinho” escapado de seu lábios ungidos.

Ao apresentá-lo, o Dirigente pede uma salva de palmas pra Gezuis, como desculpa para ovacionar o convidado. E, emocionado pela presença ilustre de um LEVITA, passa a oportunidade para o mesmo.

O Cantor Convidado  levanta-se, ainda em silêncio. Mas de repente, não mais que de repente, acontece um milagre. Ao pegar no microfone, uma onda “ispritual” passa pelo seu espinhaço, e subitamente dá uma rajada de língua estranha pro teto! É fogo, é canela, é “grória”!  O Cantor Convidado, canta, pula e “profeteia”.

– Quem não abrir a boca e dar um Glória é geladeira! Não tem unção de deus!

Depois de 45 minutos de “bença”, passa a vez para o Dirigente, que reservou os próximos 5 minutos para a meditação na Palavra de Deus, que é a parte mais importante do culto, segundo ele. E curiosamente não se ouve nem mais um “aleluiazinho” do vaso que até então, era puro mistério de giová.

Fim da Cena.

O que concluiremos? É OBVIO que a unção estava no microfone, e quando o vaso colocou a sua mão ungida no poder microfoniano do microfone ungido, a unção ungidora o ungiu um pouquinho mais.  Tá faltando unção? Já tens a solução! 😉

 

Série Inovações Inovadoras – Unção do Buchim

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Resolvi, ao invés de só ficar criticando, propor algo novo. Nada é mais improdutivo que não produzir nada(?!).

O problema é que o mercado gospel brasileiro anda saturado, são tantas inovações que, na verdade mesmo, inovar é ser ortodoxo. Mas não dá IBOPE.

Então, me valendo dos meus parcos conhecimentos de marketing, através de um rápido levantamento do mercadológico e retétético, percebi que a tendência da hora é o crescimento ungido das diversas unções. Falou em unção, a galera vibra. Imagine a cena:

Local: Uma igreja fictícia

Tempo: Culto de domingo

Elenco: pastor, um obreiro, músicos, platéia. Nem Jesus, nem o E.S. participam da cena.

Ato 1:

O culto começa confuso. Conversa paralelas, músicos “afinando” a guitarra, a bateria, e todos outros instrumentos juntos, e “desafinando” a paciência dos irmãos.

Um obreiro começa a cantar um hino, enquanto os músicos tocam outro.

Os louvores seguem mecanicamente, a platéia dispersa, mas preocupada com a vida alheia do que com a adoração. O culto se arrasta liturgicamente semelhante a um enterro.

Subitamente entra o pastor (ele estava atrasado). sobe ao púlpito, pega o microfone e diz:

– Hoje deus vai dar uma nova unção aqui!

Ao ouvir a palavra mágica, unção, a galera vibra, sapateia, rola no chão.

– Olha a unção do Happy Feet! RECEBAAAAA!

E a platéia “só no sapatinho, ôô, só no sapatinho, ôÔ”.

– Olha a unção da Hiena! RECEBAAAAA!!!

E a galera começa a rir descontroladamente, mesmo tendo comido… deixa prá lá.

– Olha a unção da Cinderela! RECEBAAA!!!

E o pessoal cai no chão com os olhos fechados. Deviam ter levado ao menos um travesseirinho, mas isso é detalhe.

Depois de um tempo interminável, o culto acaba. O povo sai com a alma vazia, mas com o ego inchado.

Fim do Ato 1.

Massa, né? Depois de identificado o nosso nicho de mercado, falta agora o “revelamento” do detalhes da nova unção. Tem que ser algo marcante, novo, de peso… de peso? Claro, por que não?

Está lançada agora, através da rede mundial, a mais nova, ousada, maravilhosa e ungida unção moderna: A UNÇÃO DO BUCHIM! Tcharam!

Observação importante: Buchim é a expressão popularmente utilizada no Nordeste para buchinho, ou seja, barriguinha. O “inho” é um eufemismo para disfarçar a verdadeira circunferência da afirmação.

Vou explicar como ela funciona: pesquisadores identificaram que grandes homens de Deus eram gordinhos (eufemismo, de novo). Por exemplo, D.L. Moody, Spurgeon, Daniel Berg, Seymour, G.K. Chesterton, eu (não se esqueçam que eu sou CONFERENCISTA INTERNACIONAL). Alguns teólogos afirmam que ele levaram a sério a palavra de Ezequiel sobre os ossos secos, e os deles ficaram BEM cobertos.

Outros adotam a visão de que sendo o corpo o templo o Espírito, o mesmo merece uma acomodação mais ampla.

A práxis é simples: receba o oração da fé, beba 02 litros de refrigerante ungido e coma 7 coxinhas da unção todo dia, durante toda a campanha das “70 semanas no Poder do Bucho”, e verás um mover diferente em ti. Vai ser tanta glória que não poderás nem fechar o paletó.

Escrevi este post com a intenção de denunciar certos modismos.Queria encerrar ele com um vídeo: Manifestações ABSURDAS – David Wilkerson. Este homem de Deus partiu para o Senhor recentemente, em 27 de Abril. Mas deixou-nos um legado, de uma carreira cristã digna.

Conferencista Internacional.

Foto by Terry Border
Analisando o meu currículo eclesiástico, achei que ele estava meio caído. Não sou adepto da unção extravagante, não tenho intimidade com os anjos e nem eles me cutucam. Sou liso, então não rola “sapato de fogo” por falta de durabilidade – depois do culto vira “sapato de cinzas”, e como só tenho dois…
Resolvi então dar o up grade que o pobrezinho estava precisando. A partir de hoje, sou Conferencista Internacional.
Motivos não faltam. Primeiro, é um nome muito chique, digno de cartão de visita em letras garrafais. Imagine a cena:

Um cara (eu) vai andando pela rua e encontra um amigo (figurante) que não vê a muito tempo.
– Olá, meu irmão, quanto tempo!
– A paz, irmão Alcir, o que andas fazendo?
– Bem, nada demais (Alcir faz cara de humilde), agora eu sou CONFERENCISTA INTERNACIONAL (Alcir pega um cartão de visita, e entrega, com um sorrisinho besta).
– OOOOhhhhh!

Fim da cena.
Puxa, vai ser muito legal! Mas… sei que alguns devem estar imaginado que falta alguma coisa para eu sê-lo. O fato de nunca ter ministrado em uma conferência, muito menos internacional, pode ser uma dificuldade.
O lance é que ainda não perceberam que eu sou um tipo melhorado de conferencista. Presta atenção:
Segundo o dicionário Michaelis, conferencista é uma“pessoa que faz conferências”. E conferência é a “ação de conferir”. Logo, se tem um cara conferencista sou eu, que sempre vou atrás de conferir o embasamento, a referência, a procedência dos discursos e sermões que ouço. Aprendi isso com os irmãos de Beréia ( Atos 17.11), e só não transcrevo a passagem para incentivar você começar a sua promissora carreira de conferencista também.
E internacional, é porque a minha ação de conferir não está limitada ao Brasil. Simples assim.
Por sinal, soube que as vagas para conferencista estão abertas. Para o tipo melhorado. Soube também que é por tempo limitado.

“Porque ainda um pouquinho de tempo, E o que há de vir virá, e não tardará.” Hebreus 10.37