Primeiro ano de ministério

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Dia da consagração ao ministério, com pra. Edna, ir. Nila e pr. Teixeira

Dia 16 de agosto completarei um ano como evangelista. Passou rápido, mas ao mesmo tempo, parece que faz um século.
Tenho certeza do meu chamado, e vejo como confirmação a naturalidade que exerço a minha função. Recentemente uma amiga minha me perguntou se é difícil ser pastor. Respondi que é o que sou, é minha natureza, minha essência. Não percebo um esforço sobre humano, antes é uma rendição e entrega ao Senhor. O cansaço é principalmente por falta de tempo, o esforço é em conciliar vida profissional, familiar e a igreja.

Não quero minimizar a dificuldade do ministério.  “Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é” *. Pra mim, o ministério foi um encontro comigo mesmo, me sentir inteiro. Foi entender detalhes da minha trajetória, e como a Mão Dele me conduziu até este momento.

As minhas oscilações cessaram, como as tempestades sempre cessam ao ouvir a voz de Jesus. O espírito foi completamente direcionado por Ele, para a glória Dele. Não recalcitro mais contra os aguilhões. Era duro para mim.

Tenho percebido também como a proximidade desta condução do Senhor aumentou muito. São nos detalhes que mais preciso aprender, que Ele mais trabalha na minha vida. É o “intensivão”. Ele sabe que tenho que caminhar muito, e que o tempo é pouco. Logo, a marcha é acelerada. Dou glória a Cristo pelos mensageiros de Satanás, pois sei que meu Senhor os permite para fortalecer o meu domínio próprio e mansidão. Tudo coopera para o meu bem.

Mas, sobretudo, é uma vida de surpresas. Boas e ruins. “Minha vida é obra de tapeçaria, é tecida de cores alegres e vivas que fazem contrastes no meio das cores nubladas e tristes”**. Por um lado, me entristeço com a falta de percepção do evangelho de uns poucos, me compadeço com as lutas dos irmãos, mas, principalmente, me alegro por ele, pelo modo como o Senhor opera neles e por meio deles. As minhas ovelhas me surpreendem com grandeza, singeleza e simplicidade, e enchem a minha vida de beleza.

Apóstolo Paulo estava certo, o ministério é uma excelente obra. E Jesus é tão bondoso que permite que homens falhos como eu possam servi-lo desta forma, com Ele mesmo nos sustentando.

Soli Deo Gloria

*Trecho da música “dom de iludir”, de Caetano Veloso
**Trecho da música “tapeceiro”, de Stenio Marcius

Vá com carinho no que vai dizer

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Um dia desses estava ouvindo a canção “As Palavras”, de Vanessa da Mata. Gosto da doçura da Vanessa cantando esta música. Gosto da importância que ela dá as palavras, estas amigas tão queridas.

Mas hoje eu queria que esta canção fosse ouvida como um apelo aos pregadores. Essa foi uma aplicação totalmente arbitrária que fiz quando eu a ouvi. Lembrei dos momentos em que estou em um púlpito, ministrando a Palavra de Deus e do cuidado que eu tenho que ter neste momento. Lembrei que pessoas tomam decisões tocadas por algo que ouviram no culto, decisões que afetam todas as esferas da sua vida. Quando lembrei, senti o peso da responsabilidade que é se colocar no papel de despenseiro do Senhor.

Sei que as vezes “as palavras saem quase sem querer”, mas isso não pode ser admitido por nós, pregadores. Não podemos sucumbir à linguagem descuidada, inconsequente, pois um devaneio nosso pode prejudicar alguém. E isso é um peso grande demais para ser levado levianamente.

“Não me acerte
Não me cerque
Me dê absolvição”

A nossa função não é condenatória. A expressão “fulano prega o chicote” devia nos causar repulsa. Não é este o ministério da reconciliação. Não agrida as pessoas, ovelhas amadas do Senhor, sob o falso pretexto de santidade.  Não se esconda atrás do púlpito para dar recados.  Antes, leve-as ao entendimento que aos pés da Cruz existe graça suficiente para nos absolver da culpa do pecado e do poder do pecado nas nossas vidas.

Querido, as pessoas não precisam da nossa condenação, isto elas já tem. Suas consciências, famílias, sociedade, todos já as condenaram – e diga-se de passagem, normalmente com razão. De nós elas precisam conhecer a Graça de Cristo, que se fez maldito na Cruz para que fôssemos feitos família de Deus e amados do Pai. O castigo que nos traz a Paz estava sobre Ele, e pelas suas pisaduras nós somos sarados.

“Faça luz onde há involução”

Estabeleça a Cultura do Reino. Mostre, pela Palavra, que existe um caminho mais excelente, o Amor. Pregue incessantemente que este padrão caído do mundo e da sociedade corrompida não é a única opção. Que o Reino de Deus nos é chegado, e gera uma insurreição silenciosa, em cada pessoa que é transformada pelo poder do Evangelho.  Que o Espírito Santo atua poderosamente, e onde havia o pecado,  a Graça foi (e é ) mais abundantemente derramada.

“Escolha os versos para ser meu bem
E não ser meu mal
Reabilite o meu coração”

E isto, querido, passa pelas suas escolhas para o sermão. Ore e escolha os versos crendo que a PALAVRA DE DEUS é poderosa para transformar o ser humano, que não é a nossa habilidade, ou retórica, mas o Poder presente no ato da Criação – A PALAVRA DE DEUS – sendo ministrada através da Bíblia – A PALAVRA  DE DEUS-, e que devemos apenas expor aquilo que Deus mesmo diz  – A PALAVRA DE DEUS.  Somente ela pode reabilitar o nosso coração.

“As palavras fogem
Se você deixar
O impacto é grande demais
Cidades inteiras nascem a partir daí
Violentam, enlouquecem ou me fazem dormir
Adoecem, curam ou me dão limites
Vá com carinho no que vai dizer”

Meu irmão, vá e faça a obra. Vá por Jerusalém, Samaria, até os confins da terra.  Mas vá com carinho no que vai dizer.

Na Paz.

Inculto de Jovens

Vi por esses dias um convite para um Culto de Jovens. Hoje em dia, com o intuito de atrair pessoas, tem-se feito um esforço criativo de inventar algo que chame a atenção da garotada, o que por si só já é um indício de como estamos distantes do Evangelho da Cruz.  Afinal, o prazer de adorá-Lo e estar na presença de seu Santo Espírito já deveria nos bastar.

Mas, nessa ânsia de novidade, nos deparamos com verdadeiras atrocidades. Abaixo, segue a “arte” do convite. Única alteração que fiz foi grosseiramente apagar o endereço da igreja.

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Sem contar com o gosto duvidoso, a primeira coisa que me chamou a atenção foi a mensagem que o convite traz. Um cabra pulando com uma guitarra, utilização do preto, está, em termos de linguagem muito mais próximo de um show de Rock do que com um culto a Deus.

O texto que serve como ancoragem é terrível, tanto linguisticamente, pois “a gente” somos nós, e “agente” é o 007; quanto teologicamente.

Enlouquecer?  Seríamos nós os que perecem? Afinal, o princípio bíblico é que “(…) a palavra da cruz é loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus”. (1 Coríntios 1:18). Na realidade, chegar-se a Cristo não é enlouquecer, é retomar a razão. Afinal, prestamos nosso Culto Racional, através da transformação do nosso entendimento, e buscamos ter a mente de Cristo, algo que não pode, sob nenhum aspecto, ser louca, pois a própria Razão é um atributo de Deus compartilhado com os homens.

Sei que está na modinha gospel a história de ser louco por Jesus. Isso é coisa de cheirador de Bíblia. Se buscarmos ler as Escrituras, ao invés de cheirar ou comer, ganharíamos muito.

Outra coisa que é modinha gospel é a aplicação totalmente equivocada das palavras do apóstolo Paulo em 1 Coríntios 9:22 “Fiz-me como fraco para os fracos, para ganhar os fracos. Fiz-me tudo para todos, para por todos os meios chegar a salvar alguns”.  Utilizam este versículo para defender um modernismo na igreja, visando atrair os descrentes. Mas, se esta aplicação fosse correta, poderíamos inferir que devemos nos drogar para ganhar os drogados, adulterar para ganhar os adúlteros, mas simples bom senso já evidencia o absurdo da proposição.  O que o texto realmente vai tratar é sobre empatia e compaixão.E por isso mesmo não invalida a necessidade da Igreja ser Santa.  Nas palavras de Jonathan Edwards: “a igreja deve ser visível, e deve ser visivelmente igreja”.

Mas o pior ainda estar por vir. Devido a minha falta de conhecimento do inglês, pedi ajuda ao amigo e novo “pai dos burros”, o google, para saber o que significa “Freak”, parte do nome do culto. Abaixo, print:

Jesus freak

Talvez o indivíduo que colocou esse nome no culto estivesse pensando em “extravagância”. Se for, já está errado, pois cultos de adoração extravagante é um expressão que remete a inúmeros modismos e heresias modernas, como anjos cutucadores,  anjos massageadores,  e toda uma série de baboseiras neo-pentecostais.

Porém, a escolha do nome é ainda mais infeliz quando se percebe as outras possíveis traduções de “freak”: aberração, capricho, anomalia, aborto, fantasia, esquisito, grotesco, esdrúxulo. 

Meu Jesus, que igreja é essa que estamos construindo?  Que falta de percepção das coisas de Deus! Eu não tenho como descrever a indignação  que sinto em perceber que caminhamos a passos largos para uma apostasia institucional.  Cadê o pastor desse indivíduo, que permite que esse tipo de insulto a Cristo ocorra debaixo do seu nariz?  Quem aprovou essa barbárie?

A igreja está acéfala? Os crentes, firmados na Palavra, estão onde, pensando em que, para não perceber que se um cego guiar outro, ambos cairão? O nosso compromisso é com a Palavra de Deus e com o Deus da Palavra, e não com modinhas e atrair bodes. Como já foi pregado por Charles Spurgeon, estamos apascentando ovelhas ou entretendo bodes?

Pense nisso.

#Podeisso,Arnaldo?

 

Ode à Ponte que Partiu

Nas vias embarroadas
abarrotam-se empoeiradas
pontes de várias marcas
como a fronte de Caim, marcadas.

Na confusão dos sentidos trocados
o que era unir tornou-se ilhado.
Material assim desperdiçado
ferro e concreto para panela de barro.

Enganam-se, portanto, as pontes.
Não há rocha fundo do rio.
Por que firmar sobre afundado, e não nos montes?
Como partir o pão sobre tanto desvario?

Ser corpo ficou no esquecimento
sepultado pelo das pontes cimento.
Ser um só povo será ignorado
No das pontes ferro armado.
Senhor Jesus relegado a visagem
Na das pontes ilusória paisagem.

Não sejas ponte, sejas ovelhas
Não sejas esponja, sejas fonte.
Não sejas grupo, sejas povo.
Não sejas panela, sejas vaso.

E com fervor a oração eu faço:
Que o sentido de Evangelho fortaleça laços
entre todos com o sangue lavados.
E a ponte, velha e enferrujada ponte,
que vá pra ponte que partiu e se desmonte.