Diga-me com quem andas…

tribos

“O que anda com os sábios ficará sábio, mas o companheiro dos tolos será destruído”. Pv. 13.20

“Diga-me com quem andas e eu te direi que és”. As vezes a sabedoria popular é sábia.  Este adágio, repetido pelos nossos pais e avós, sempre teve o intuito de nos alertar quanto ao perigo de nos identificarmos com determinados grupos. E, de fato, temos a tendência de nos aproximarmos e andarmos mais com pessoas /grupos que temos afinidades. E essa tendência é facilmente percebida na “tribalização” social, com grupos rotulados e definidos: emos, funkeiros, surfistas, skatistas, pagodeiros, nerds, etc., devidamente agrupados em torno dos seus interesses comuns.

roqueiro cristão

Este fenômeno social tem seu reflexo nos modelos de igreja, infelizmente. Também temos “tribos” devidamente agrupadas em igrejas sob medida: dos surfistas, dos roqueiros/tatuados,  dos que são rígidos em usos e costumes e dos liberais em usos e costumes. No supermercado da fé, escolhe-se o tipo de igreja que combina com você.

Enfatizo que não estou tratando ainda de diferenças doutrinárias, apenas constatando um fato evidente. Porém, dentro do aspecto social, temos que perceber que a “tribalização” de modelo de igreja está na contramão do próprio sentido de ser igreja, composta de pessoas de todas as etnias, classes sociais, níveis culturais, gêneros, e unidos em um só corpo. “Nisto não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus“. Galátas 3:28

Mas o problema mesmo é quando vemos o cenário doutrinário. Ele também é diversificado, com grupos que se aproximam por afinidades teológicas/doutrinárias. Neo-pentecostais, pentecostais históricos, tradicionais, e por aí vai. Este caso difere do anterior totalmente, pois não se trata de gosto pessoal, e sim de convicção sobre a Verdade. Existe um escopo confessional, um modo de crer.

E se temos duas interpretações diferentes e eu creio naquela que julgo ser verdadeira, necessariamente julgo que a outra interpretação está errada.  E isto não é arrogância, é mera coerência.

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Essas reflexões nasceram de um susto. Ao ver uma postagem no Facebook, tremi. Percebi que os limites doutrinários/confessionais dentro do pentecostalismo estão ruindo, e nada de bom pode vir disto.  Vi a divulgação de um evento promovido por Agenor Duque, perfeito representante do pior do universo gospel. Duque recentemente foi até assunto de  uma matéria vexatória na Época.

No mesmo balaio de gato estarão Benny Hinn, e Mike Murdock, e esta informação deveria ser suficiente para qualquer cristão sério fugir para longe.

Diga-me com quem andas

O mesmo evento conta com nomes de pastores assembleianos conhecidos, como pr. Marco Feliciano,  pr. Abílio Santana, pr. Carvalho Jr. Parece-me que não se dão conta que este tipo de associação valida um dos ministérios mais heréticos e vergonhosos do Brasil.  Não que estes pastores que citei sejam exemplo de ortodoxia, mas fazem parte da Assembleia de Deus e ao fazerem isso associam-na com este verdadeiro horror.  Sem contar que se auto-difamam.

Assim destrói-se a diferença entre pentecostalismo clássico, nascido do trabalho de Daniel Berg e Gunnar Vingren, e o neo pentecostalismo, nascido da confissão positiva de Kenneth Hagin e acrescida de sincretismos religioso.  Vira tudo uma coisa só.

O mais grave é pelo fato simples que o neo pentecostalismo brasileiro nem pode mais ser considerado cristão! É um movimento que deve ser rechaçado, pois causa vergonha ao Evangelho e desonra a Pessoa e Obra de Cristo. Não deve ser tolerado, que dirá apoiado e validado.

“Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque, que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas?
E que concórdia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem o fiel com o infiel?
E que consenso tem o templo de Deus com os ídolos? Porque vós sois o templo do Deus vivente, como Deus disse: Neles habitarei, e entre eles andarei; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo.” 2 Coríntios 6:14-16

Por isso é tão difícil hoje ser um pentecostal clássico.  A barreira entre o agir real do Espírito Santo e as palhaçadas gospel está sendo bombardeada por dentro e por fora da AD.

Internamente somos atacados por “reteté”, pregações emocionalistas “gideônicas”, pantominas de manifestações espirituais. Externamente somos alvejados pelo misticismo, superstições, sincretismos, incorporações de elementos judaizantes, teologia da prosperidade.  Como se não bastasse, agora tentam remover diferença entre os tipos de pentecostais.

Resta-me orar.

Oro por um pentecostalismo com ações reais e livres do Santo espírito, por pregações da Palavra de Deus e do evangelho sem subterfúgios.

Oro para que os pastores da AD não se deixem levar por este engano. Que a AD se levante como referencial de igreja pentecostal séria, que não tem parte com este movimento espúrio.

Oro para que um genuíno avivamento venha do Senhor , e leve-nos a todos à um profundo quebrantamento e arrependimento pelo que temos feito com o evangelho.