Ontem vi em um telejornal a inacreditável notícia que o Pará vai começar a enviar seus pacientes com câncer para o Tocantins e Piauí, por conta do total sucateamento do hospital Ofir Loyola.
Fui imediatamente tomado por uma raiva profunda. Senti-me ultrajado, envergonhado, por que o meu Estado chegou a este ponto, tendo que ser socorrido por dois dos mais pobres da Federação. E pela falta de entendimento minimamente racional que pacientes com câncer não tem tempo a perder com a maratona burocrática que terão que passar para serem transferidos.
Descaso, corrupção, incompetência, falta de políticas públicas eficazes. O governo, em todas as esferas, é visto e usado como cabide de emprego. Pessoas sem capacidade de gerir um mercadinho são colocadas em cargos de confiança por conta dos votos que podem arrebanhar. Meia dúzia de pessoas comandando o desmando paraense.
Ainda lembro-me da época em que nutria esperanças políticas. Da época em que atual governadora era tida como alternativa no cenário político. Mas desde que assumiu o mandato, só repercutem os escândalos da sua administração.
Quanto à prefeitura de Belém, não tenho nem adjetivos para expressar o que penso sobre Duciomar Costa. O “Dudu” ser prefeito é algo parecido com roteiro de filme do Zé do Caixão.
A situação da minha cidade pode ser descrita parafraseando o título de um livro: “Eu, Belém F., 393 anos, drogada e prostituída.”. Drogada, dopada, sem condições de reagir à violência que a acomete diariamente. Prostituída, usada para satisfazer o prazer daqueles que a comandam.
Não quero a “Belém F.”. Quero a Santa Maria de Belém do Grão Pará, bela, rica, efervescente, cultural; quero a minha raiz. Estou há seis anos e nove meses longe dela, só a vejo em rápidas visitas. Como todo paraense, sei do nosso bairrismo, e sei os motivos (justos) para isso. Mas hoje, me envergonho de sê-lo.