O Pedro Bial resolve tratar do assunto comunicação e fé no seu programa de TV – Conversa com Pedro Bial – em 09/05/17. Para isso, escolhe alguns cristãos que tem algum tipo de expressão na internet: Priscilla Alcântara, cantora e vlogueira; Vini Rodrigues, criador do personagem pr. Jacinto Manto; e Ton Carfi, cantor.
Demorei uns 10 dias para assistir a entrevista. Um misto de falta de interesse com pouco tempo e mais uma pitada de falta de interesse. Acabei vendo-a por conta da repercussão.
Confesso que conheço muito pouco o trabalho dos entrevistados. Sobre a Priscila, sei que distribuía Playstation e Jogo da Vida (o que invariavelmente causava desgosto no ganhador). Sei que canta, mas não a ouço. Sei que tem o vlog, mas não assisto. Tranquilo, não sou o público alvo dela.
Sobre o Ton Carfi, também não conheço o trabalho, me lembro apenas de uma música dele.
Conheço um pouco mais o trabalho do Vini Rodrigues. As brincadeiras que ele faz com o universo evangélico pentecostal e neopentecostal me traz uma certa familiaridade, por eu estar inserido no contexto. Sei que tem críticas sobre isto, mas qualquer pessoa familiarizada com igrejas evangélicas sabe que é comum. Nas rodas de bate papo cristãs sempre tem histórias, anedotas e brincadeiras sobre o nosso jeito, linguajar e costumes. Basicamente o que o mesmo fez foi traçar uma caricatura disto, com as fortes cores do “retété”.
Faço este preâmbulo apenas para deixar claro que não pretendo comentar nada além da entrevista em si. E a entrevista em si foi “só a misericórdia, quérido”.
O problema é a visão de evangelho absolutamente rasa. Quando perguntados sobre o significado de expressão correntes no meio pentecostal, foi um show de despreparo. A resposta era outro jargão, igualmente desprovido de significado.
O que é o manto? É o entrar no mistério. O que é entrar no mistério? É ser canela de fogo. O que é ser canela de fogo? É ser cheio do óleo. O que é ser cheio do óleo? É o manto. Assim é realmente difícil para sermos levado a sério.
Não conseguiram também explicar o falar em línguas estranhas. Não conseguiram responder a diferença entre os anseios de um jovem cristão e um jovem não cristão. O que resolveu o problema de auto estima não é a dignidade inerente da imago Dei, restaurada em nós pela obra de Cristo na cruz. Foi a black music.
Estejam sempre preparados, diz-nos o apóstolo Pedro*, para responder com mansidão em temor a qualquer que pedir a razão da fé de vocês. É, apóstolo Pedro, foi mal.
Às vezes me dá a impressão que o desejo é só ser o “diferentão”. Tanto que quando o assunto se tornou mais sério, com a participação do prof. Ricardo Mariano, apresentado como ateu, e que iria analisar o fenômeno evangélico, silêncio sepulcral dos convidados.
Não, professor Mariano, os convidados e suas falas abobalhadas não expressam a realidade cristã evangélica. Não, professor Mariano, as ovelhas não têm dificuldades em serem apascentadas, o que você chama de “controle pastoral”. Prezado professor Mariano, sinto lhe informar que o senhor não entende absolutamente nada sobre igreja cristã e suas vivências. Lamento que os irmãos que estavam aí não tiveram condições de te ensinar algo sobre a beleza da noiva do Senhor, e sobre o que é ser família de Deus.
O que ficou cristalino neste programa é que de fato temos um problema sério no movimento evangélico brasileiro. Fica fácil perceber por que os 60 milhões de evangélicos não causaram um impacto social como deveria. A justiça** não correrá como rios em nossas ruas enquanto a nossa visão de evangelho for paupérrima. Culpa de nós, pastores, que não honramos nossos púlpitos com a pregação clara e pura do evangelho. Esse moralismo capenga transvestido de boas novas não tem poder para transformação do homem.
” Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego.” Romanos 1.16
Como lidar com a contante perda de confiança nas pessoas? Essa questão tem me martelado constantemente de uns tempos pra cá.
Reconheço a minha tendência à inocência. Quero acreditar que as pessoas podem ser decentes, que é possível viver uma vida digna. Quero acreditar que vale a pena ser honesto, que vale a pena ser tentar ser justo. Quero acreditar que o “mundo é bão, Sebastião”*.
Daí a surpresa ao descobrir que as coisas não são como deveriam ser. Elas são como são, e são constantemente feias.
Hoje já entendo por que tem tanta gente amarga no mundo. As pessoas são ruins, e as vezes fazem o mal gratuitamente. E isso é assustador, por não ser raro. É difícil manter o coração funcionando direito depois de algumas punhaladas.
Quando cultivamos determinados tipos de valores, é difícil e demorado para perceber isto. Sabe aquele tipo de gente que se emociona vendo “Homens de Honra”** pela milésima vez? Pois é. Sou esse cara, que não sabe nada, inocente,*** e tem dificuldade de adaptação. A forma como enxergo a vida está em desarmonia com os “fatos da vida”.
Confio em laços de amizade. Mas não consigo mais quantificá-los, não sei quantos destes ainda tenho. O que vejo é que eles são facilmente desatados, e substituídos por algum tipo de utilitarismo – você só serve enquanto serve para algum fim. A fidelidade canina das amizades eternas, sólidas e inegociáveis, não sei onde colocar. A quem dedicá-la.
Confio em palavra empenhada. Mas não confio nas pessoas que as empenham, frequentemente. São poucos homens de caráter que conheço. A ideia de ter caráter parece-me ter caído em desuso.
Acredito em vida pautada em ideais. Mas tenho me deparado com a mesquinhez e a ganancia sórdida. Passa-se por cima de tudo e todos, desde que se consiga o objeto do desejo.
A questão permanece: como lidar com isso?
A inocência, sempre que me deixa, me torna mais amargo, fechado e cruel.
A inocência, sempre que me deixa, me tornar mais parecido com aqueles que eu desprezo.
O que fazer? Assumir que a minha visão é pueril e inadequada para vida adulta? Aceitar que “as coisas são assim mesmo”, e me adequar ao modus operandi? Dizer, simplesmente, “Adeus, inocência”?
Ou insistir? Manter os valores, a honra, mesmo indo contra a correnteza?
“Droga, cozinheiro, mexa-se. Eu quero os doze passos!”****.
A tentativa de ser moral em meio à imoralidade é inocência, eu sei. Mas por enquanto não conseguiria ser de outra forma.
Digo, então, “Vai ficando, inocência. Vai ser doloroso, mas é o melhor pra gente”. Preciso ser diferente daqueles que desprezo. Apego-me à ela para preservar a minha alma.
* Citação de O Mundo é Bão, Sebastião! – Nando Reis
**Men of Honor (Homens de Honra no Brasil e em Portugal), é um filme norte-americano de 2000, dirigido por George Tillman Jr., com roteiro de Scott Marshall Smith e trilha sonora de Mark Isham. É baseado na história verídica do Sargento Carl Brashear. No elenco, Cuba Gooding Jr., Robert de Niro, Charlize Theron e Powers Boothe, entre outros. (dados Wikipédia)
*** Frase icônica de Cumpadi Washington
****Citação do filme referido acima.
Eu ouvi uma música da Damares e gostei. E por incrível que pareça, a sentença anterior não é piada.
Normalmente tenho um gosto muito específico quanto a músicas cristãs. Eu espero que elas louvem a Deus, a Cristo e Sua Obra. Espero que elas me ensinem sobre a Palavra de Deus e sobre a esperança dos cristãos. Quero que a minha sensibilidade seja tocada pela beleza da poesia, e que as melodias enlevem a minha alma.
Por isso tenho uma profunda dificuldade com a maioria absoluta das composições evangélicas modernas. São pobres quanto a melodia, as letras paupérrimas. Não sei mais por onde anda a poesia. Tratam apenas das necessidades mais egocêntricas e revanchistas que um indivíduo pode ter.
E a Damares já foi duramente criticada por mim neste blog, quando tracei um paralelo entre “Beijinho no Ombro”, de Valeska Popozuda com “Sabor de Mel” – Beijinho no Ombro tem Sabor de Mel.
Por isso me surpreendi com a Damares, em sua participação no programa “Esquenta”, comandado por Regina Casé. Comecei a ver já com o coração fechado, esperando sentir #vergonhaAlheia , pois as mais recentes participações de evangélicos em programas da TV tem sido lamentáveis. Thalles no Jô, Aline Barros e Sarah Sheeva na Gabi são alguns exemplos do que me refiro.
Quando a Casé disse o nome da música tremi mais um pouquinho. “Maior Troféu “. Pensei comigo: “Lascou tudo. Lá vem mais triunfalismo”.
Mas quando a Damares começou a cantar, meu coração se abriu. Não que a música seja um espetáculo. E é certo que o subtema “vitória” não abandona a letra. Mas aqui tem uma mudança fundamental: As vitórias e bençãos que Deus nos concede estão subordinadas ao principal – a Salvação e comunhão com Cristo.
“O maior troféu é no livro da vida Saber que o meu nome está escrito lá E quando os portais da glória se abrirem Ter a certeza que Deus irá me chamar O maior troféu é saber que um dia No coral celeste eu irei cantar Na eternidade será só o começo Quando o meu mestre eu abraçar”
Concordo com a Damares. A mim basta estar com o meu nome escrito no Livro da Vida. Isto, e somente isto, empresta significado para a minha vida. As demais coisas são secundárias e/ou decorrentes disto. É o maior troféu, e o único que realmente importa.
Concordo com a Damares. A ideia de um dia ser recebido por Cristo e abraçá-Lo é que nos consola nas dificuldades. Sei que o meu Senhor sempre nos acompanha de perto, que está vendo cada passo da nossa caminhada. E naquele dia, Ele enxugará dos nossos olhos toda lágrima, terá remido toda a dor. ” Por que a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui excelente” – 2 Coríntios 4:17.
Que Deus abençoe a ir. Damares, e direcione sua carreira para dê um basta nas canções antropocêntricas e ela sempre cante canções que louvem a Deus.
Voe, minha alma,
voe livre.
Pois já não tenho amarras.
Troquei-as por novas asas
quando o perdão me alcançou.
Voe, minha mente,
voe aberta.
Tirei o cabresto e o freio
religioso, estreito,
quando a Graça me bastou.
Falem livres, sejam livres.
Minha voz e minha pena,
minha mente e meu poema
Não parem na barreira
Não se contenham pela contenda
de quem nunca O encontrou.
“Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres” – João 8:36
“O que anda com os sábios ficará sábio, mas o companheiro dos tolos será destruído”. Pv. 13.20
“Diga-me com quem andas e eu te direi que és”. As vezes a sabedoria popular é sábia. Este adágio, repetido pelos nossos pais e avós, sempre teve o intuito de nos alertar quanto ao perigo de nos identificarmos com determinados grupos. E, de fato, temos a tendência de nos aproximarmos e andarmos mais com pessoas /grupos que temos afinidades. E essa tendência é facilmente percebida na “tribalização” social, com grupos rotulados e definidos: emos, funkeiros, surfistas, skatistas, pagodeiros, nerds, etc., devidamente agrupados em torno dos seus interesses comuns.
Este fenômeno social tem seu reflexo nos modelos de igreja, infelizmente. Também temos “tribos” devidamente agrupadas em igrejas sob medida: dos surfistas, dos roqueiros/tatuados, dos que são rígidos em usos e costumes e dos liberais em usos e costumes. No supermercado da fé, escolhe-se o tipo de igreja que combina com você.
Enfatizo que não estou tratando ainda de diferenças doutrinárias, apenas constatando um fato evidente. Porém, dentro do aspecto social, temos que perceber que a “tribalização” de modelo de igreja está na contramão do próprio sentido de ser igreja, composta de pessoas de todas as etnias, classes sociais, níveis culturais, gêneros, e unidos em um só corpo. “Nisto não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus“. Galátas 3:28
Mas o problema mesmo é quando vemos o cenário doutrinário. Ele também é diversificado, com grupos que se aproximam por afinidades teológicas/doutrinárias. Neo-pentecostais, pentecostais históricos, tradicionais, e por aí vai. Este caso difere do anterior totalmente, pois não se trata de gosto pessoal, e sim de convicção sobre a Verdade. Existe um escopo confessional, um modo de crer.
E se temos duas interpretações diferentes e eu creio naquela que julgo ser verdadeira, necessariamente julgo que a outra interpretação está errada. E isto não é arrogância, é mera coerência.
Essas reflexões nasceram de um susto. Ao ver uma postagem no Facebook, tremi. Percebi que os limites doutrinários/confessionais dentro do pentecostalismo estão ruindo, e nada de bom pode vir disto. Vi a divulgação de um evento promovido por Agenor Duque, perfeito representante do pior do universo gospel. Duque recentemente foi até assunto de uma matéria vexatória na Época.
No mesmo balaio de gato estarão Benny Hinn, e Mike Murdock, e esta informação deveria ser suficiente para qualquer cristão sério fugir para longe.
Diga-me com quem andas…
O mesmo evento conta com nomes de pastores assembleianos conhecidos, como pr. Marco Feliciano, pr. Abílio Santana, pr. Carvalho Jr. Parece-me que não se dão conta que este tipo de associação valida um dos ministérios mais heréticos e vergonhosos do Brasil. Não que estes pastores que citei sejam exemplo de ortodoxia, mas fazem parte da Assembleia de Deus e ao fazerem isso associam-na com este verdadeiro horror. Sem contar que se auto-difamam.
Assim destrói-se a diferença entre pentecostalismo clássico, nascido do trabalho de Daniel Berg e Gunnar Vingren, e o neo pentecostalismo, nascido da confissão positiva de Kenneth Hagin e acrescida de sincretismos religioso. Vira tudo uma coisa só.
O mais grave é pelo fato simples que o neo pentecostalismo brasileiro nem pode mais ser considerado cristão! É um movimento que deve ser rechaçado, pois causa vergonha ao Evangelho e desonra a Pessoa e Obra de Cristo. Não deve ser tolerado, que dirá apoiado e validado.
“Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque, que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas? E que concórdia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem o fiel com o infiel? E que consenso tem o templo de Deus com os ídolos? Porque vós sois o templo do Deus vivente, como Deus disse: Neles habitarei, e entre eles andarei; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo.” 2 Coríntios 6:14-16
Por isso é tão difícil hoje ser um pentecostal clássico. A barreira entre o agir real do Espírito Santo e as palhaçadas gospel está sendo bombardeada por dentro e por fora da AD.
Internamente somos atacados por “reteté”, pregações emocionalistas “gideônicas”, pantominas de manifestações espirituais. Externamente somos alvejados pelo misticismo, superstições, sincretismos, incorporações de elementos judaizantes, teologia da prosperidade. Como se não bastasse, agora tentam remover diferença entre os tipos de pentecostais.
Resta-me orar.
Oro por um pentecostalismo com ações reais e livres do Santo espírito, por pregações da Palavra de Deus e do evangelho sem subterfúgios.
Oro para que os pastores da AD não se deixem levar por este engano. Que a AD se levante como referencial de igreja pentecostal séria, que não tem parte com este movimento espúrio.
Oro para que um genuíno avivamento venha do Senhor , e leve-nos a todos à um profundo quebrantamento e arrependimento pelo que temos feito com o evangelho.
Não existem mais imbatíveis. Na realidade, penso que eles nunca existiram, são entes exclusivos do nosso desejo de idealizar heróis.
Porém, para os que acompanham MMA (Artes Marciais Mistas), até pouco tempo haviam atletas invencíveis. Mas eles foram, um a um, caindo. Tinham sobrado apenas Ronda Rousey e José Aldo. Tinham.
Para ser claro, não pretendo fazer um comentário sobre o MMA. O Ponto é como a nossa cultura se manifesta nestes fenômenos, e o que podemos aprender com estes episódios.
“Aquele, pois, que cuida estar em pé, olhe não caia”. 1 Coríntios 10:12
Vermos os ídolos (até então) imbatíveis sendo derrotados é um oportunidade para entendermos que todos estamos sujeitos à possibilidade de derrota. A Escritura mostra que o cristão não é imune às lutas e tentações. Não está blindado.
Pra ser bem sincero, entender que “o pecado jaz à porta” é fundamental. Vivemos na dependência do Senhor justamente por não confiarmos nas nossas próprias forças.
“Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, havendo feito tudo, ficar firmes”. Efésios 6:13
Outra tendência nossa é racionalizar a derrota. Quando a Ronda perdeu, os teóricos de plantão elaboraram diversas teorias sobre isso: super exposição na mídia, falta o foco, participação no cinema. Alguns até argumentaram que ela foi apenas uma “invenção” do UFC, desconsiderando que ela é atleta de nível olímpico.
Mas o fato puro e simples é que o “dia mau” chega. Não precisa de razões especiais. Não precisa de grandes explicações. Ele só chega. A Ronda perdeu, e fim.
Em João 9 está registrada a história do cego de nascença. Os discípulos queriam saber porque ele havia nascido cego, e a explicação que Cristo dá não explica nada. Ele apenas afirma que foi para que as obras de Deus se manifestassem nele. Ele só nasceu assim, e fim. Deus glorificará seu nome nisto, e pronto.
Aplicando para nossa vida, eu vejo muita gente preocupada com “porquês”, cuja resposta nunca teremos. Não se preocupem com a resposta, se ocupem com a solução. Cair é ruim, mas é pior permanecer caído.
“Alegrai-vos com os que se alegram; e chorai com os que choram”. Romanos 12:15
Mas o que mais me chocou foi a reação do público brasileiro com a derrota do Aldo. Em tempos líquidos*, nossos heróis são descartáveis.
Não me lembro de ter visto manifestações de apoio. Toda a carreira brilhante foi desconsiderada após 13 segundos. José Aldo virou motivo de chacota.
E infelizmente, este fenômeno se repete na igreja. Qual a nossa reação quando vemos um irmão caído? As vezes presenciamos pessoas que pisam-no, ao invés de levantá-lo.
Quando um pastor cai, a reação é ainda pior. Esquecemo-nos de toda a dedicação, tempo, esforço com que ele serviu a Cristo, e rotulamos o indivíduo a partir de uma falha. Criamos um ídolo, e quando ele não nos serve mais, jogamos fora. Mas o pastor não é super-herói, é apenas uma pessoa que ama a Cristo e por isso cuida das pessoas que Cristo ama.
A crítica sobre a luta do Aldo é a crítica de quem nunca lutou, nunca pisou num tatame. Lutadores sabem que as vezes ganhamos, as vezes não. Que o importante é crescer, desenvolver a arte, a disciplina. Lutadores sabem que o resultado só é satisfatório se acompanhado de superação.
A crítica contra o irmão caído é a crítica de quem nunca lutou contra a própria carne. Crentes sabem que as vezes ganhamos, as vezes não. Que as vezes o bem que queremos fazer, não fazemos, e o mal que não queremos, fazemos. Que o importante é crescer, é sermos transformados. Crentes sabem que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus.
Quando traçamos estes paralelos, vemos que temos um longo caminho até mudarmos nosso modo de agir e reagir. Vemos que por baixo do verniz de religiosidade, ainda não saímos do formato cultural mundano. Precisamos mais da cultura do Reino.
Temos a necessidade de sermos uma igreja organicamente viva, definida pelo amor e conhecida pela misericórdia. Uma igreja feita de pessoas.
*”Vivemos tempos líquidos. Nada é para durar” – Zygmunt Bauman
Em uma sessão do CDH – Comissão dos Direitos Humanos – realizado em 06 de agosto, houve uma fala da professora Márcia Tiburi sobre a questão do aborto. O que me chamou a atenção foi o fato da referida professora ser da Universidade Presbiteriana Mackenzie, e defender a legalização do aborto – posição que normalmente não é endossada pelos cristãos, nem católicos, nem reformados. O único que já vi se posicionar a favor do aborto é o sr. Edir Macedo, mas o mesmo para ser categorizado como cristão tá é difícil. A UPM já se posicionou em nota afirmando que é totalmente contra à legalização do aborto, porém a referida professora fez questão de vincular o nome da Mackenzie.
Pois bem, o vídeo disponibilizado pela Tv Senado, tem 13 minutos, e raramente se poderia tratar desde assunto tão levianamente. Para dar ampla voz ao debate, vou colocar o link e após analisar os argumentos apresentados. Os argumentos da professora Márcia estarão em itálico, são a síntese, não a anotação ipsi litteris. No final, apresentarei a conclusão.
“Há fatores político-econômicos em jogo com os quais riscamos com o giz da demagogia um círculo cínico em torno do problema do aborto”.
A tentativa da sra. Márcia, que veremos em toda sua fala, é desviar o foco objetivo do problema do aborto. Vou tratar da questão do “círculo cínico” mais abaixo, porém quero logo ressaltar que quando se trata do tema aborto de modo específico, fica difícil de apresentar defesa à legalização. De modo específico: trata-se de duas pessoas, a gestante e o bebê, unidas em um vínculo de dependência unilateral – o bebê depende da gestante para sua sobrevivência, e a gestante não depende do bebê.
E a questão fundamental é: é lícito para a mãe interromper este vínculo? Em que casos seria? Por que o bebê só pode ser considerado gente depois do parto?
Podemos até, em segunda instância analisar se de fato existem fatores político-econômicos, porém apenas após de resolver o que é fundamental. E o fundamental aqui é que tratarmos sobre duas pessoas, igualmente vivas, e como igual direito de permanecerem assim.
“Julgamentos morais cruéis contra mulheres transformam o aborto em metáfora do mal”
Na realidade, o aborto não é uma metáfora do mal. É um mal. Um mal terrível para todos os envolvidos. Conheci algumas pessoas que em um momento de desespero se submeteram ao aborto, e que carregam uma dor profunda no coração. Não é um julgamento moral, é uma violência contra a mulher e contra o bebê, principalmente contra este, pois acarreta a sua morte. Não podemos cair no erro de transformar em um conceito abstrato um mal concreto.
Não penso que as mulheres que abortaram sejam pessoas necessariamente vis. Penso que no geral são mulheres em momento de desespero, que cometem um erro terrível. Mas esse erro terrível é impulsionado pelo discurso pró-aborto, pois abre a possibilidade da normatização teórica de um fato real, e na esfera da realidade não é vivenciado sem um profundo sofrimento.
“Máquina destrutiva do lugar das mulheres, alteridade, autonomia sobre suas vidas e corpos, uma máquina que funciona contra o desejo e as necessidades das mulheres quando se trata de gestação, maternidade, saúde emocional, física e social”.
Nenhuma destas questões estão em pauta na discussão sobre a legalização do aborto. O papel social da mulher não está em questão. A maternidade é um escolha. A mulher tem total autonomia sobre sua vida e corpo, e a solidificação deste direito, por mais que seja necessária, não encontra na discussão sobre o aborto o fórum correto.
A discussão sobre o aborto gira em torno da vida do outro. Quando a mulher já está “preparando outra pessoa”*, não dá para simplesmente desconsidera-la como indivíduo. Não é uma lombriga, é uma pessoa!
Toda mulher precisa de ter suas necessidades totalmente atendidas quanto a gestação, maternidade, saúde, emocional, física e social. Ela deve ser totalmente realizada e cônscia de sua vida, e de fato decidir como e se terá filhos. Mas a consequência natural de todo indivíduo moralmente responsável, é ser responsável por suas decisões. Esse é o tipo ideal.
“O direito de decidir, pois de fato, já decidimos a milênios“.
Neste momento, a sra. Márcia argumenta que é uma prática milenar, tentando validar através da prática. É um argumento, na melhor das hipóteses, infantil, pois posso citar inúmeras práticas que ocorrem a milhares anos, e continuaram ocorrendo diariamente, nem que por isso se tornem aceitáveis.
A milhares de anos ocorrem estupros, violência contra a mulher, latrocínios, homicídios. Aparentemente continuarão ocorrendo. Isso os tornaria lícitos?
“É obrigada a optar pelo aborto em condições clandestinas, ilegais e inseguras”.
Se a gestante for OBRIGADA a optar pelo aborto, é um crime terrível. Mas normalmente, ou melhor, a milênios, como afirma a filosofa, a decisão é da mulher. Palavra-chave: decisão. Não seria este o direito desejado? Por que, subitamente passa de decisão para imposição de modo arbitrário?
A melhor solução para a situação de desespero é a esperança, até mesmo etimologicamente.
“Círculo Cínico da estrutura social machista, formado por um enganador e um enganado, onde uns fingem não abortar e outros falam contra o aborto”.
Aqui a sra. Márcia pressupõe que toda mulher aborta, ou abortou, e generaliza englobando toda faixa etária, classe social e credo. Absolutamente arbitrário. Mesma fonte de pesquisas “lulistas”, a fantasia.
Ela, no seu “círculo cínico” ela desconsidera totalmente a possibilidade da mulher, “vitimada em uma estrutura machista”, não abortar, nem querer fazê-lo. É de um reducionismo ridículo.
“Lucro moral por meio do discurso contra o aborto”.
O suposto “lucro moral” que se obtêm a partir da fala anti-abortista, também carece de sustentação fundamental. A questão é de premissas. Caso se considere que o aborto é um crime, dizer que o é não gera o tal “lucro moral” – é somente a exposição de um fato. Caso não se considere, e o mesmo seja visto como uma prática de saúde pública, assim como a vacina contra o sarampo, não gerará o tal “lucro moral”. A definição disto é a conclusão do debate, não o início dele.
O que ela comete é a falácia da petição de princípio. Tenho que, a priori, considerar a conclusão dela como uma premissa válida. Mas a premissa válida é a já existente. Aborto é crime. E mais que uma premissa, é a legislação. E dizer que um crime é crime é ser apenas óbvio.
“As que falam que fazem, negam a estrutura cínica e são tratadas como imorais.”
As que falam que fazem saíram do campo das ideias. Posso argumentar sobre a legitimidade de uma série de coisas, mas enquanto não houver essa legitimidade, não posso fazê-las. Posso por exemplo (caso eu fosse marxista) argumentar contra a legitimidade da propriedade privada. Mas se eu tentasse “expropriar” algum burguês para apoiar meu argumento, a única coisa que conseguira é ser preso por roubo.
“Resta-nos o pseudo-debate … descartar a voz, a felicidade, o desejo das mulheres e por fim levar as mulheres pobres a morte. Fácil criminalizá-las, fácil matá-las. Fácil para o Estado não se responsabilizar por esta pena de morte contra mulheres pobres.”
Aqui chegamos a um coitadismo profundo. Essa sequência de fatos é absolutamente aleatória. O único dado que podemos afirmar nos casos de aborto, é que caso seja bem sucedido 100% dos bebês morrem. E as vezes o aborto mal sucedido deixa sequelas para o resto da vida, tanto do bebê quanto da mãe.
O percentual de mulheres que morrem ao tentar o aborto é ignorado, pelo fato óbvio do mesmo ser clandestino. Algumas morrem? Provavelmente sim. A culpa disso é do Estado? Absolutamente não.
Curioso é que o argumento para validar o aborto passa a ser o econômico. Mulheres pobres não podem ter filhos, pois não teriam condição de criá-los. Solução: A morte dos pobrezinhos. Observem para este fato: o fator pobreza, como impedimento ao direito à vida. É a morte em massa dos pobres e negros, 50% deles mulheres, que está sendo defendido pelos grupos que se dizem defender o pobre, o negro e a mulher.
Essa visão distorcida do direito e valor da vida tem ecos terríveis ao longo da história. É o racionalismo estrito que fazia com que espartanos matassem os filhos que nascessem com qualquer defeito congênito, pois não se adequariam à guerra; que faz com que ocorra o infanticídio em comunidades indígenas brasileiras; e que gerou a limpeza étnica nazista.
Antes que distorçam o meu argumento, reitero: Não estou afirmando que mulheres que abortam são necessariamente nazistas, estou afirmando que a limpeza étnica nazista teve como condição filosófica a visão distorcida do direito e valor da vida. E que, ao se legalizar o aborto, estamos dando um passo na direção de uma “limpeza étnica/social tupiniquim”, uma vez que o alvo será o pobre e negro, sendo 50% deles, mulheres.
Falácias do discurso cínico:
Vamos analisá-los, individualmente.
a) Falácia da Ordem do Discurso: tema se trata da legalização do aborto, e não do aborto. Falácia de cunho moralizante.
Aqui é mero desvio de foco. A própria sra. Márcia Tiburi afirma que ninguém é a favor do aborto, penso que por ela mesma perceber que o aborto é um mal em si mesmo, independente de qualquer outro juízo de valor. Se a mesma tivesse afirmado com defensora do aborto, seria uma posição mais coerente, pois ela estaria dizendo que o problema do aborto não é um mal em si mesmo, mas apenas uma questão de saúde da mulher.
Mas, se o aborto não conseguem ser legitimado como algo bom, por que seria como legitimado algo válido? E Se nem quem defende a legalização do aborto consegue dizer que o aborto é algo bom, por que ainda estamos nesta discussão?
A legalidade civil é precedida pela legalidade moral, sempre. Se algo é percebido do moralmente válido, a tendência é se tornar legalmente válido. As leis nasceram desta maneira, validando o que já era moralmente aceito.
b) Falácia do Apelo à autoridade:
Não é uma argumento válido, pois não estamos nos apoiando na autoridade, e sim analisando fatos. Como protestante, minha fonte autoritativa é a Escritura, mas em momento algum estou me valendo dela para desconstruir as bobagens ditas pelas dra. Márcia.
c) Falácia do Apelo Amor aos Filhos: sentimento é subjetivo.
O sentimento por mais que seja subjetivo, sua expressão é objetiva. E através desta manifestação externa e objetiva, pode-se inferir o subjetivo. Se não pudéssemos fazer isso, não poderíamos viver de modo coerente.
Por exemplo, eu dizer que amo meu filho implica que eu objetivamente me esforçarei para ser um bom pai, que não deixarei ele sem cuidados. Se eu digo que amo o meu filho, o vejo morrendo de fome e não faço nada, o meu comportamento objetivo não está alinhado com o meu sentimento subjetivo.
d) Falácia do Apelo à Mulher Inconsequente: a mulher engravida por que fez sexo.
HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA
É realmente um falácia, pois é mundialmente sabido que é a cegonha que traz os bebês. Ou era uma semente de melancia que a mamãe engoliu? Puxa, agora fiquei confuso…
Mas o que é 100% certo é que na história da humanidade NENHUMA mulher engravidou por que fez sexo.
e) Falácia do Apelo à Natureza: o que é natural é bom, e o artificial é ruim.
Não se aplica, pois vários setores que são contrários ao aborto defendem os métodos contraceptivos e o planejamento familiar. Acho que somente a ICAR que se posiciona contra.
f) Falácia maternalista: mãe desnaturada.
Não se aplica, pois para ser mãe é necessário que haja o filho. O aborto nega a possibilidade de existência ao filho. Logo, a que aborta não pode ser entendida como mãe.
g) Falácia apelo ao valor da vida / assassinato de inocentes / vida do embrião: Desproporção, pois trata o corpo da mulher como uma vida menor que a vida do embrião, e trata a mulher como mera hospedeira, destrata a mulher como ser de direitos.
Essa foi a pior de todas. É muito bom travar debates assim, em vez de lidar com o argumento da parte contrária, colocar a pecha de “falácia” e sair cantando vitória. Por que argumentar que o bebê é um ser vivo, inocente e indefeso seria falácia? Não, de forma alguma, é fato científico.
Isso é uma piada de mal gosto. A piada anterior ao menos foi engraçada. Esta é uma fuga covarde do ponto central do debate.
O ônus da prova cabe aos proponentes pró-aborto. Provem que um feto de 12 semanas não é uma pessoinha. As provas abundantes são do lado pró-vida. Uma rápida “googlada” é suficiente.
h) Falácia do Não Pertencimento: são as religiosas; arrependimento, destino, sofrimento a ser encarado, perda do reino de Deus após a morte. Se propõe universais, mas ocultam que as crenças não são universais e que o Estado brasileiro é laico.
A tentativa de enquadrar a cosmovisão cristã/ religiosa como uma falácia, com o argumento que o Estado é laico é ridícula. A laicidade do Estado é justamente o que permite que os cidadãos cristãos sejam respeitados como cidadãos, e serem atores sociais. A dificuldade das pessoas é não entender algo simples: Estado laico NÃO significa Estado Ateu. Significa que o Estado terá como premissa respeitar pluralidade de fé dos cidadãos, em suas mais variadas matizes, e todos tem direito a voz e voto. Sua representatividade será democraticamente espelhada, e os direcionamentos serão com base na melhor interesse da maioria.
Lamentavelmente para os abortistas, o Brasil é, em sua maioria esmagadora, cristão. Por que eu tenho que abrir mão do meu direito de cidadão, somente porque expresso uma fé, e esta por sinal é da maior parte dos brasileiros? Não tem o menor sentido esta proposição.
E aqui, de novo, a dra. Márcia comete a falácia de Petição de Princípio: Ela acredita que as crenças não são universais, e por isso quer usar esta conclusão como premissa. O problema é que as crenças são universais. Os princípios morais fundamentais são os mesmos em TODAS AS CULTURAS, por mais que posso haver variações em questões menores. O indivíduo assassinar a própria mãe é errado, e esta é uma crença universal. Sem a força de um valor moral universal, perde-se todo sentido ético, pois resta o que é bom pra mim, de acordo com minha subjetividade. Logo, se uma sociedade chegar a conclusão que para o seu bem precisa ampliar o “espaço vital“, torna-se legítimo a invasão e dominação de povos menos desenvolvidos. Sem valores e crenças universais o nazismo é moralmente válido.
Tema aborto é bio-político.
Não. É bio. O ponto central continua sendo pura e simplesmente direito à vida.
Afirmar o aborto como assassinato em vez de olhar para a necessidade de sua legalização como questão de saúde pública, ou de liberdade feminina é falta de respeito.
Estamos esbarrando no problema central, ignorado deliberadamente pela dra. Márcia Tiburi. É impossível não olhar a questão do aborto como assassinato, sem antes delimitar a vida do feto. A vida começa na concepção. A partir desta perspectiva, tirar a vida será matar um inocente.
Qualquer outra perspectiva, terá como implicação uma desconstrução do entendimento do que é o ser humano. Se argumentar-se que a definição do ser humano é a partir de existência de alguns órgãos ou membros, implicaria necessariamente que pessoas com necessidades especiais seriam sub-humanos. Ridículo. Isso sim é falta de respeito com a dignidade humana.
Angariar adeptos a causas autoritárias de modo geral no âmbito do senso comum… Interesse em ganhar votos, dízimos e o consumo em geral.
Falácia ad hominem, que consiste em atacar o indivíduo para tentar desacreditar as afirmações deste. Citando a própria Márcia, é a tentativa de ganhar a discussão sem apresentar argumentos consistentes.
E uma falácia burra, pois na realidade, ao nos posicionarmos contra o aborto, perdemos adeptos, votos e dízimos, pois restringimos a quantidade de pessoas que poderíamos “cooptar”. Os “discursos de ódio conservadores” que os “sacerdotes da moral vociferam” não seriam a melhor forma de agir em uma sociedade adepta do subjetivismo, relativismo, liberalismo.
Conclusão:
Não existem argumentos consistentes na fala da dra. Márcia. É somente uma cortina de fumaça para encobrir a verdadeira questão: e os bebês?
Dentro da questão principal, penso que a legislação não precisa de retoques. É direito abortar em casos de bebês anencéfalos, estupro e risco à vida da gestante. Isso resguarda plenamente o direito da mulher aos seu corpo e vida, sua alteridade.
Gostaria agora de me dirigir de forma específica para algumas mulheres, que possam estar vivenciando esta questão de perto, na própria existência. Disse que logo no início que o tema não é abstrato, mas real e concreto.
Por isso preciso falar algo para as mulheres que pensam em fazer aborto:
Não façam. Por mais que tenhamos preocupações, válidas, com o futuro, o amanhã sempre reserva boas surpresas. Vai ser difícil, sem dúvida. Mas dificuldade é justificativa para tirar a vida de outro? Se você colocar a mão na sua barriga, e entender que é o seu bebê que está aí, você não vai cometer o aborto.
Para as mulheres que já fizeram aborto:
Eu não tenho como dimensionar o tamanho do desespero que te levou a isto. Sinto muito que tenhas passado pelo que passaste. Oro para que o Espírito de Deus possa te consolar do sofrimento. Isto não diminuiu o amor de Deus por você. Em Cristo, sempre temos perdão, reconciliação com Deus e com nós mesmos, ao nosso alcance através do arrependimento e fé. E, citando-O: Vá, e não peques mais**.
“Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo, para que não pequeis; e, se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo”. – 1 Jo 2.1
*trecho da música “Força Estranha”, de Caetano Veloso
** Evangelho segundo João:8.10
Dia da consagração ao ministério, com pra. Edna, ir. Nila e pr. Teixeira
Dia 16 de agosto completarei um ano como evangelista. Passou rápido, mas ao mesmo tempo, parece que faz um século.
Tenho certeza do meu chamado, e vejo como confirmação a naturalidade que exerço a minha função. Recentemente uma amiga minha me perguntou se é difícil ser pastor. Respondi que é o que sou, é minha natureza, minha essência. Não percebo um esforço sobre humano, antes é uma rendição e entrega ao Senhor. O cansaço é principalmente por falta de tempo, o esforço é em conciliar vida profissional, familiar e a igreja.
Não quero minimizar a dificuldade do ministério. “Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é” *. Pra mim, o ministério foi um encontro comigo mesmo, me sentir inteiro. Foi entender detalhes da minha trajetória, e como a Mão Dele me conduziu até este momento.
As minhas oscilações cessaram, como as tempestades sempre cessam ao ouvir a voz de Jesus. O espírito foi completamente direcionado por Ele, para a glória Dele. Não recalcitro mais contra os aguilhões. Era duro para mim.
Tenho percebido também como a proximidade desta condução do Senhor aumentou muito. São nos detalhes que mais preciso aprender, que Ele mais trabalha na minha vida. É o “intensivão”. Ele sabe que tenho que caminhar muito, e que o tempo é pouco. Logo, a marcha é acelerada. Dou glória a Cristo pelos mensageiros de Satanás, pois sei que meu Senhor os permite para fortalecer o meu domínio próprio e mansidão. Tudo coopera para o meu bem.
Mas, sobretudo, é uma vida de surpresas. Boas e ruins. “Minha vida é obra de tapeçaria, é tecida de cores alegres e vivas que fazem contrastes no meio das cores nubladas e tristes”**. Por um lado, me entristeço com a falta de percepção do evangelho de uns poucos, me compadeço com as lutas dos irmãos, mas, principalmente, me alegro por ele, pelo modo como o Senhor opera neles e por meio deles. As minhas ovelhas me surpreendem com grandeza, singeleza e simplicidade, e enchem a minha vida de beleza.
Apóstolo Paulo estava certo, o ministério é uma excelente obra. E Jesus é tão bondoso que permite que homens falhos como eu possam servi-lo desta forma, com Ele mesmo nos sustentando.
Soli Deo Gloria
*Trecho da música “dom de iludir”, de Caetano Veloso **Trecho da música “tapeceiro”, de Stenio Marcius
Chega manso, o pequeno.
Devagar.
Abre os olhos, maninho.
Filhote de gente,
mais que tudo, um presente
Dádiva que o Senhor concedeu.
Chega fofo, o pequeno.
Rei, craque ou milionário.
Ou só miniatura de Deodato?
Filhote de gente,
Flecha na mão do valente
Herança e galardão do Senhor*
Todo bicudo, o pequeno.
Como pode ser tão amado?
Ocupa no peito todo espaço.
Filhote de gente,
A distância faz que eu lamente
não estar aí com você.
*Referência ao Salmo 127 – destaque nosso.
“Se o SENHOR não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam; se o SENHOR não guardar a cidade, em vão vigia a sentinela.
Inútil vos será levantar de madrugada, repousar tarde, comer o pão de dores, pois assim dá ele aos seus amados o sono. Eis que os filhos são herança do Senhor, e o fruto do ventre o seu galardão.
Como flechas na mão de um homem poderoso, assim são os filhos da mocidade.
Bem-aventurado o homem que enche deles a sua aljava; não serão confundidos, mas falarão com os seus inimigos à porta”.